O quarto não é o mesmo




O quarto não é o mesmo
Não é a mesma cama.
Não é a mesma casa
Não é a mesma rua.
O teto do quarto é de um gesso sem graça
Já não posso mais contar as telhas e madeiras como antes.
Gostava de sentir o cheiro de telha e madeira molhada quando chovia
O meu quarto era simples e rude. 
Mas tinha vida
Tinha história.
Já não vejo meus pôsteres de fórmula 1 e bandas de rock na parede
As paredes brancas hoje servem pra me lembrar que a vida mudou
O encanto da juventude se foi
Sonhos abandonados
Sonhos a se realizar.
Alguns itens ainda existem
Servem pra ajudar nas recordações.
Meu velho rádio vermelho se foi
Meu companheiro nas madrugadas insones
Aquele grande consumidor de pilhas alcalinas
não existe mais.
Se perdeu no tempo como tantas coisas da minha vida.
Me acostumei com esse quarto
Já consigo dormir normalmente nele.
Mas ele não tem uma história
e nem sei se terá.
É apenas mais um quarto. Só um quarto.
Onde deixo minha mochila na cômoda
E descanso a cabeça das coisas da cidade grande.
Sei que o tempo passa e com ele, muitas coisas chegam e outras se vão.
Sinto falta daquele quarto sem forro no teto
falta de ficar olhando as madeiras e telhas formando o teto.
Meus sonhos que ficaram pra trás.
Das noites que ficava acordado ouvindo música no meu velho rádio vermelho.
O gato da minha mãe arranha a porta
Ele não entende o motivo de perder seu espaço quando estou aqui.
Sou apenas um estanho que se apossa do seu canto às vezes.
Ele mia, espera e vai embora
Desistiu de esperar.
Me deixou aqui recordando de outra vida
enquanto ouço música no celular
e o cigarro queima sozinho no cinzeiro





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